sexta-feira, 23 de julho de 2010

Profissionais de animação discutem se o Brasil está pronto para o 3D.


O que têm em comum “Avatar”, “Alice no país das Maravilhas”, “Toy Story 3” e “Shrek para sempre”, além do sucesso de público? Foram todos exibidos em 3D. E são produções americanas. Para tentar correr atrás da bilheteria perdida, nesta sexta-feira (23), artistas, exibidores e a indústria de eletrônicos se juntam no Anima Mundi para discutir o formato que está dando muita dor de cabeça aos produtores nacionais, mesmo com os óculos apropriados.

O animador Alê McHaddo, responsável pelo curta em 3D “BugiGangue - controle terremoto” (veja um trecho acima do curta, sem o efeito estereoscópico, ou seja, sem que a imagem "salte" da tela), foi chamado para mediar a mesa, que acontece dentro do Anima Fórum, braço mais "empresarial" do festival, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Centro do Rio, às 15h. Para McHaddo, o formato 3D, diferentemente do que se pensa, não é salvação do cinema contra as cópias ilegais.

“Por um tempo, [o 3D] foi o diferencial do cinema para TV. Só que as televisões já começaram a ser vendidas, mesmo com pouco conteúdo para elas. E do mesmo jeito que o DVD é facilmente ‘pirateável’, daqui a pouco, o Blu-Ray em 3D vai ser facilmente pirateado. Porque é um arquivo digital.”
Mas, segundo o animador, há uma demanda por esse tipo de experiência em três dimensões. “Acho que tem uma procura pelos filmes em 3D porque há um público que quer ir ao cinema para ter essa sensação de imersão, de ir além da história, que é a ilusão tridimensional.”


Alê McHaddo lembra que, entretanto, o 3D não nasceu agora, mas há mais de meio século. Porém, a tecnologia sofria de dois problemas: as cores e a dor de cabeça.

“Agora, como tem a tecnologia para não prejudicar a cor e não dar um problema ocular na plateia, você pode fazer um filme inteiro tridimensional. Há um desconforto, tem gente que não gosta dos óculos, mas é muito menos do que tinha no passado. O que tem de novo não é o 3D, o 3D é uma tecnologia da década de 1950. O que tem de novo é como exibir sem comprometer a cor e sem incomodar, que veio junto com cinema digital.”

Conteúdo em 3D


Para o Anima Mundi, McHaddo acredita que a discussão vai girar em torno da produção de conteúdo, para canais como cinema e a TV, além do recurso tecnológico de grandes fabricantes de eletrônicos. Ele acredita que haverá um crescimento da importância de videogames.

“O que eu acho que a gente vai descobrir na mesa do Anima Mundi é se o Brasil tem como exibir conteúdo tridimensional, e como vai ser essa estrutura. O parque está se expandindo, mas ainda é aquém do que está vindo de fora. Depois, se a televisão vai ser outra vazão. Não tem conteúdo nenhum para TV, a televisão que já está sendo vendida, que se falava muito na Copa do Mundo.”

Sobre o curta dele, rodado para experimentar a maneira de criar em três dimensões para a produção do longa-metragem sobre o mesmo tema, o animador acredita que já tem 30% da pré-produção pronta.

“A gente exibiu para 150 crianças em São Paulo. Agora a gente sabe o que é legal, o que é bom para colocar, do ponto-de-vista de história e também do ponto-de-vista de efeito. A gente está revendo o roteiro e fazendo o story board já pensando nas câmeras porque o 3D tem que ser absorvido pelo roteiro. Para aquilo funcionar. Para a gente usar a técnica”, acredita estimando que, com o dinheiro captado, o longa fica pronto em um ano e meio.

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