sexta-feira, 26 de novembro de 2010

No primeiro show no Brasil, gritos de 5 mil fãs engolem som do Tokio Hotel.


Precisos como um quarteto de robôs, para ficar no terreno de metáforas futuristas que batem cartão no processo criativo da banda, o Tokio Hotel tocou por 1h30 para cinco mil eufóricos fãs – na maioria, garotas entre 10 e 15 anos. O grupo alemão não se desviou um milímetro sequer de seu mais recente disco ao vivo, com destaque para o arranjo de piano (pegando fogo, de verdade) e voz da boa balada “Zoom into me”. A canção foi tocada na abertura do bis tendo só os irmãos gêmeos Kaulitz no palco: o vocalista Bill e o guitarrista-tecladista Tom.


Antes do fogo, veio o convite que todos ali já conheciam. “Valeu a pena ter vindo, estão prontos para se divertir?”, perguntou Bill, ao apresentar a tal Humanoid City. A metrópole fictícia batiza o álbum de estúdio lançado em 2009 e o CD-DVD ao vivo que saiu em julho deste ano.

Às 22h15, a cortina branca que escondia o palco subiu e revelou os músicos, um a um, do baterista ao vocalista. Nos primeiros versos, só a voz do cantor de 21 anos competiu com o faniquito de suas admiradoras, para que depois a silhueta do rapaz aparecesse. Com topetão muito bem domado, que ele já disse demorar não mais do que cinco minutos para ajeitar, Bill apresentou uma cidade menos portentosa do que a vista no DVD. Mas a versão pocket da metrópole inventada por eles convenceu com cenário simples e telão no qual surgem imagens soturnas de destroços, raios laser, prédios gigantescos e todo tipo de sucata eletrônica.
A falta de surpresas não tirou o brilho da apresentação, é claro. Seguro na performance vocal, Bill passou o show vestido como se fosse a versão clubber de um jogador de futebol americano, cheio de penduricalhos para lá de reluzentes. O vocalista sai do palco nada menos do que seis vezes para trocar de figurino. Fazer roupa com pisca-pisca de árvore de Natal é para poucos. Não apenas por isso, ofereceu “Alien” para “todos que já se sentiram estranhos alguma vez”. Longe de ter o mesmo papel de hino de auto-afirmação pré-adolescente, “Hey you” trouxe letra menos intensa, arranjo épico e labaredas de fogo no fim. Chamas bem sincronizadas também enfeitaram “Dark side of the sun”, a última antes do bis.


Mas sequer com a pesada “Break away”, faixa que mais dá trabalho ao baterista Gustav Schäfer, a banda conseguiu eclipsar os gritos de seu exército de seguidoras. Em “Pain of love”, Bill desfilou por uma pequena e pouco usada passarela que divide a pista vip em duas, o que só causou ainda mais alvoroço. Só voltou a perambular por ali mais duas vezes.

Sentados, tocaram “Phantomrider” em arranjo com bateria, violão e guitarra. Ainda acomodados nos banquinhos, veio a “melhor parte do show”, nas palavras de Bill. “Temos um ritual nesta turnê”, anunciou. Em seguida, largaram os instrumentos e aplaudiram a plateia, que se silenciou (um pouco) por 15 segundos. Após o instante de calmaria, o homem de frente do Tokio Hotel sumiu mais uma vez, para ressurgir na parte mais alta do palco.

Desta vez, apareceu em uma moto, ao som de “Dogs unleashed”, seguida por “Love & death”, “In your shadow” e a grudenta “Automatic”. Não é preciso apertar parafuso, trocar óleo ou qualquer coisa do tipo: do repertório manjado e bem amarradinho à chuva de papel picado verde na cabeça das fãs já esbaforidas em “Forever Now”, o Tokio Hotel é uma máquina de ganhar dinheiro. E de construir hinos teens.

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